sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Um comentário sobre Belo Monte e Reinaldo Azevedo

Depois de muitas coisas ditas e não ditas sobre a usina de Belo Monte, acabei lendo a opinião de um renomado jornalista, Reinaldo Azevedo, sobre toda essa história (clique aqui e leia o texto). Li com muita calma o seu post, e escrevo aqui (como fiz nos comentários), a minha opinião direcionada ao jornalista, em primeiro lugar, sobre o texto, e em segundo lugar, sobre Belo Monte.

Recomendo que leia primeiro o post dele, para depois chegar às minhas observações sobre. E depois, coloque seus pontos.


Compreendo seu ponto de vista, caro Reinaldo.

Contudo, sinto em seu texto muitas das críticas que você mesmo dirigiu à iniciativa.

Você me pareceu tão "dono da verdade" quanto aqueles que condena.

Uma das coisas que me incomoda é o seu pensamento exclusivamente matemático. Em sua essência, a lógica matemática não considera a relação humana. É uma análise fria (válida) da situação, concorda?

Deste pressuposto, a observação sobre proporção territorial, as considerações sobre remoção da população ribeirinha, capacidade de geração de energia e etc, não avalia aspectos que, em minha opinião (e de muitos impactados com a campanha) são fundamentais:

1. A vida
2. O precedente

Explico: ao "desmerecer" a quantidade do território destinado aos indígenas (não falo de desalojamento, já que defende a ideia de que nenhum indígena será afetado) você está dando de ombros para uma questão primordial: o respeito à vida. "Pobres indígenas, mal sabem as maravilhas do conforto da vida moderna", leio nas entrelinhas de seu - arrogante - texto. Já parou para pensar que os mesmos indígenas podem pensar "pobres homens brancos, não sabem respeitar o ambiente onde vivem...".

Compreender o outro lado da moeda, prezado Reinaldo, chama-se empatia. Está cada vez mais difícil de conseguir essa façanha hoje em dia. Pelo que pude perceber, você não conseguiu neste caso.

Segundo ponto: precedente. Muitas ações equivocadas são tomadas pelo fato de haver precedentes que, em teoria, justificam a recorrência de um erro, seja ele ambiental, social ou de qualquer outra natureza. Não é preciso ir muito longe para atestar isso.

É importante ponderar: você, ao utilizar técnicas que muitos dos colegiados em direito se utilizam, desmerece os interlocutores que trouxeram a mensagem em questão à tona. Se não era do seu interesse saber quem eram as pessoas, seria muito melhor omitir esse fato ao invés de reforçá-lo, como forma de diminuir a importância daqueles que tentam chamar a atenção para a causa.

"Ah, mas mesmo com tudo isso, o Brasil precisa de energia para crescer economicamente, proporcionar melhores condições de vida aos pobres e etc...". Concordo. É importante sedimentar condições para que o país e sua economia prosperem, gerando mais facilidades para sua população. A pergunta que me permito fazer é: a que custo?

Talvez Belo Monte de fato não represente todo esse monstro que pintaram. Você baliza essa opinião muito competentemente com fatos e dados. Mas Belo Monte talvez represente o primeiro passo em direção à permissividade da prosperidade a qualquer custo.

Em minha opinião, se é que ela lhe interessa, ainda não sei. Não formei nenhum juízo sobre a questão. Posso dizer que fiquei sensibilizado com a causa das nobres personalidades que você diz não conhecer. Mas isso não tapa meus olhos e ouvidos para novas opiniões, como a sua.

O fato de eu concordar com você ou não, não me dá direito, em nenhuma instância, de ridicularizar sua postura. Contudo, se o objetivo era criar polêmica, você de fato, deve estar orgulhoso de si. Já se o objetivo do texto foi refutar os princípios do movimento, acredito que tenha lhe faltado tato.

Mais uma vez: respeito sua opinião, a ponto de me dar ao trabalho de te dizer que li cada palavra escrita. Mas não me dou ao direito de lhe ridicularizar por sua postura. Peço também que veja nos comentários de seu post (que são muitos), várias informações de pessoas que me parecem ter conhecimento de causa quando falamos sobre matrizes energéticas, meios de produção e consequências ambientais.

Espero que a discussão sobre Belo Monte continue fervorosa, pois é do interesse de todos nós. Que essas discussões não se atenham ao ridículo, mas à praticidade, viabilidade, interesses genuínos e posições responsáveis que se comprometam sim, com o crescimento do Brasil e com o conforto da população, mas que não desprezem o exemplo, a vida e o planeta.

Um abraço.


Atualização às 16h04 (25/11): o comentário acima, deixado por mim em seu blog, foi recusado pela moderação.



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Médicos: os Deuses dos tempos modernos


Tenho tido algumas experiências com médicos que me fizeram pensar em algo que muita gente já diz por aí. Os médicos são os Deuses dos tempos modernos.

É terminantemente proibido questioná-los, pois do alto de sua sabedoria e sapiência infinita, não conseguem, em sua maioria, tratar com o mínimo de respeito aqueles que não são especialistas em medicina.

"Bom dia", "boa tarde", ou uma explicação decente sobre um tratamento, procedimento ou algo do tipo é um luxo de quem pode pagar pela sua consulta particular. Ou nem deles.

Ok, a generalização aqui tem um único intuito: gerar polêmica e contribuir para uma reflexão mais apurada sobre a atitude profissional de cada médico. O Inconsequente aqui, além de se consultar em vários deste tipo, já trabalhou em empresas de saúde com renomados doutores (e outros nem tanto assim).

Que os Deuses dos tempos modernos não venham alegar que a quantidade de pacientes é grande, que as condições de trabalho não são as ideais e etc. Isso, meus caros, chama-se realidade. Cada pessoa no nosso país tem suas próprias reclamações sobre as condições de seu trabalho, sobre seus salários e o que for. Não é um fardo somente de sua classe. Aceite. Reivindique. E trabalhe, como tantos outros.

Atitudes como educação, respeito, paciência deveriam ser pré-requisitos para o ingresso dessas pessoas no curso de medicina. Cuidado: não confunda uma reivindicação por mais zelo com criação de vínculos afetivos. Ninguém aqui está pedindo para que cada médico torne-se um amigo de infância de seus pacientes.

Já cansei de ouvir "causos" de populares que, por falta de informação (que deveria ser provida pelo seu médico) erraram a mão no tratamento, sofreram mais que o necessário e passaram por outras milhares de sortes de encrencas. Isso sem falar no desaforo que muitos sofrem somente ao esperar um atendimento (isso, quando o atendimento acontece). Não vou falar sobre o problema crônico da saúde pública por que este tema merece um post só dele.

Aqueles médicos que sabem tratar seus pacientes como pessoas e não como cobaias, acabam por destacar-se entre outros milhares de profissionais. Curioso, não é?

House é um ótimo estereótipo do que digo aqui. O cara é brilhante, mas não sabe ser gentil com uma formiga. Será o autor/criador da série foi tão inventivo a ponto de criar algo fantasioso ou será que, ao idealizar o seu protagonista, ele levou em consideração o sentimento comum para que sua série fosse um sucesso?

Não à toa, a palavra de ordem dos empresários da saúde é "Humanização". Até eles já perceberam. Agora, meus caros, é hora de colocar em prática.

Às exceções, perdão. Sei que vocês não irão se importar.

Por fim, uma sacada esperta do Inconsequente (pesquisei no Google, antes que venham dizer que copiei):
"A unanimidade é burra. E essa é uma opinião unânime."