sexta-feira, 27 de maio de 2011

Boa, Lulu.

Nesses dias escutei uma música que não ouvia há um bom tempo, e sem querer resolvi prestar atenção na letra. E mais: pensei que, se a letra fosse escrita como um texto, e não em estrofes, daria um texto incrível.

Por isso, reproduzo aqui, em texto corrido, a música “Já É”, do Lulu Santos.

Repare em como ela fala com todo mundo. É universal, como a maioria dos assuntos tratados aqui neste blog, e tem uma profundidade simples que é muito difícil de atingir.

Por isso a música e as artes em geral têm um poder transformador muito difícil de imitar. Ela chega até o seu problema, ou até o que você sente, te pega por um laço e te leva sem que você saia do lugar.

Nesse momento, defesa não existe e você já está envolvido com a levada da arte que te fisgou.

Leia e reflita com ela. Depois note como a nossa percepção muda quando a lemos em estrofes e me diga o que achou:

“Sei lá... Tem dias que a gente olha pra si, e se pergunta se é mesmo isso aí: o que a gente achou que ia ser quando a gente crescer? E nossa história de repente ficou alguma coisa que alguém inventou...

A gente não se reconhece ali, no oposto de um déjà vu...

Sei lá... Tem tanta coisa que a gente não diz, e se pergunta se anda feliz com o rumo que a vida tomou (no trabalho e no amor). Se a gente é dono do próprio nariz, ou o espelho é que se transformou, a gente não se reconhece ali, no oposto de um vis a vis.

Por isso eu quero mais, não dá pra ser depois do que ficou pra trás na hora que já é.”

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quanto vale o seu tempo?

Albert Einstein era bom mesmo. Quando ele falou sobre relatividade, as pessoas nem imaginavam o quanto isso seria importante e o quanto isso já permeava a vida na terra. Só que essa história de relatividade atrapalhou a vida de muita gente.

Como todo mundo sabe e sente, o tempo não passa da mesma forma para as pessoas. Contudo, o tema que quero abordar aqui é um pouco mais simples: a nossa relação com o tempo dos outros.

Eu vejo que a cada dia, por culpa da "Síndrome do Umbigo", a noção de que o tempo dos outros existe vem desaparecendo. No trabalho e na vida pessoal os exemplos não param de acontecer. Você entende o que eu digo.

O problema reside na falta de respeito que é não considerar o tempo alheio. E nós só pensamos nisso quando essa falta de respeito nos atinge.

Pense naquela reunião que você organizou com muito custo, e justamente algumas pessoas-chave se atrasaram consideravelmente. Lembre da expressão dos - pontuais - presentes durante a espera e na vergonha que você passou.

Sou capaz de apostar um teco do meu dedo mindinho para dizer que os atrasados da questão não ficaram nem um pouco constrangidos com a deselegância.

De que adianta despender um enorme esforço para ser pontual, se a(s) outra(s) parte(s) não se importa(m) com isso?

Por isso, entendo que não desprezar o tempo dos outros é, no mínimo, um sinal de respeito. Nesse caso, o ditado "Quem ri por último, ri melhor" não se aplica.

Levar em conta o tempo dos outros significa aproveitar melhor a companhia, demonstrar empatia e valorizar o fato de alguém ter dado, mesmo que um pouco, o seu tempo de presente para você. Pense nisso.

Respondendo à pergunta do título deste post, o tempo de cada um tem um valor maior do que qualquer moeda que já inventaram ou que venham a criar.

Ele, o tempo, é a única moeda que não é corrente, pois quando investido, não volta mais.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Questão de prioridade

Estive pensando em como a questão "prioridade" é relativa e volátil.

Relativa por que a prioridade de cada um em qualquer aspecto de sua vida é influenciada pela doença chamada "Síndrome do Umbigo".

Ou seja, o que é prioridade para fulano pode não ser a prioridade do ciclano. Daí a dificuldade de conciliar planos, compartilhar projetos ou dividir ideias. Para que isto aconteça, é necessária uma convergência de sentido de prioridades, tornando o objetivo de todos os envolvidos em algo comum.

O que se observa é que, mesmo para duas pessoas, a convergência não é fácil de acontecer. A questão "volatilidade" entra aqui. Uma prioridade deve ser compartilhada por essas duas pessoas em ordem de importância e ao mesmo tempo.

Só que atualmente, com a velocidade dos acontecimentos, as opiniões não são lá muito sólidas, e mudam com a mesma velocidade das informações.

Imagine a seguinte situação, e veja se você já viveu algo parecido:

Um grupo de amigos se reúne em uma casa. A dúvida: pedir pizza ou esfihas? Três querem pizzas e dois, esfihas. Como a maioria vence, iniciam a ligação para fazer o pedido. Eis que, em um momento, um dos três que preferiam a pizza muda de time e diz que prefere esfiha. Está feita a bagunça. Daí pra frente, você pode imaginar quanto tempo levaram para finalizar o pedido.

A situação levanta perguntas simples:
- A prioridade do grupo era matar a fome em pouco tempo ou escolher o melhor prato?
- O que é mais importante: acabar com a fome ou vencer a discussão?

Assim, temos mais um agravante (a vaidade) para que a prioridade seja, de fato, uma prioridade para os envolvidos e não somente mais um assunto da agenda de discussões.

O medo é que, num mundo onde a reina a individualidade, as prioridades se tornem tantas que não saberemos mais reconhecer o que é realmente importante.

E, cá entre nós, o importante é ser a prioridade de outra pessoa, e não das circunstâncias. Que um dia, todos possam ter a certeza de que alguém sempre olha por você, e que esse alguém não sejam seus pais.

A sensação deve ser boa.

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Síndrome do Umbigo

Pensando em prestar um serviço público de esclarecimento, O Inconsequente publica aqui um texto que é fruto de observação do comportamento padrão das pessoas ao longo de 24 anos. Uma chamada Síndrome.

O texto a seguir foi desenvolvido com base na experiência pessoal do autor e em conjunto com a apreciação dos movimentos pessoais de seu círculo familiar e de amizades, além de constatações com o conhecimento de casos públicos (que vemos todos os dias nos meios de comunicação).

O que se pode dizer a esse respeito é que todos nós estamos passando, já passamos ou passaremos pela Síndrome do Umbigo. É um tipo de síndrome que não escolhe classe, poder econômico, gênero ou qualquer outro tipo de segmentação social.

Essa síndrome diz respeito a tudo o que envolve os nossos caprichos individuais, tornando a individualidade o ponto de partida para a criação de todos os parâmetros ou ordens de comparação. Ao ler este texto, você poderá encontrar, em algum lugar de sua mente, exemplos de pessoas que sofrem dessa síndrome. Ou, se houver algum tipo de lucidez, se enxergar nela.

No fim das contas, a grande verdade é que todo mundo se encaixa. Uns com maior identificação do que outros.

Só que a síndrome é muito nociva às relações humanas. Sim, admito que é necessário ter amor próprio, mas não se deve confundir "self-care" com mesquinhez, pobreza de espírito e egocentrismo.

Partir do princípio de que os seus gostos, vontades e percepções são maiores do que os das outras pessoas é tão repugnante que quem passa a ser visto com diferença é o dono do umbigo em questão.

E não chame de persuasivo o infeliz que sofre da Síndrome do Umbigo. Quem se utiliza de argumentos para fazer valer o seu ponto de vista está jogando dentro das regras. A síndrome se aplica àqueles que não se preocupam com a opinião de terceiros, nem com a vontade ou fatores que serão explorados nos posts seguintes.

A Síndrome do Umbigo, tal qual outros problemas, faz sofrer não somente quem é acometido por ela, mas quem está ao redor do doente. Em determinados casos, não há jogo de cintura que contorne o poder da síndrome.

Por isso, se você conhece alguém com a síndrome, ou se você é o pobre coitado que está sofrendo com a síndrome de um terceiro, tome alguma providência. Ao contrário das síndromes mais conhecidas, a Síndrome do Umbigo é reversível. Grite, converse, olhe, indique, dê dicas. Mude.

É, no mínimo justo, que alguém tente fazer algo.