domingo, 21 de outubro de 2012

A angústia de viver tudo nos fazendo viver tudo. Pela metade...


Vivemos como se o atraso fosse uma condição estabelecida no momento em que os olhos se abrem toda manhã. O amanhã é um tempo que começou há uma semana. Hoje já está acontecendo há quinze dias. No ócio, a eterna sensação de desperdício.

O senso de urgência se torna o combustível da afobação. Afobados, por todos os lados, em todas as línguas, de todas as cores, vivendo como se não houvesse amanhã. E da afobação à intolerância, um respiro. É festa? Não há álcool suficiente para quem não pode se dar ao luxo de não gostar de um programa. Há de gostar. Há de ser bom. A frustração é sinônimo de perda de tempo, e não de aprendizado.

O sentimento é que esse comportamento é uma obrigação. Não está certo se não sugarmos até a  última gota de cada dia. Há sempre alguém nos cobrando intensidade. A namorada, o chefe, a TV, a família, os vizinhos. Nós mesmos. O senso comum.

Por isso, sempre tentamos viver tudo de qualquer experiência pela qual passamos. É como se estivéssemos a todo momento naqueles jogos de guerra em que temos que desbravar um mapa e, se não o fizermos, perderemos algo extremamente importante. A sensação de incompleto nos persegue de tal maneira que não há permissão para gastar um minuto a mais naquilo que se gosta, em prol da busca de algo que seja ainda melhor. Mas que, na maioria das vezes, não vem.

Impensável a leviandade de deixar algo para trás. É uma cegueira coletiva que faz com que a busca da felicidade seja eterna. Afinal, com este pensamento, a felicidade estará sempre no passado.

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

What is the most astounding fact we can share about the universe?

Refletir sobre o universo, os planetas, a humanidade, de onde viemos e para onde vamos é algo que faço com muita frequência enquanto sozinho. São devaneios recorrentes. Cada dia tenho uma não-conclusão diferente sobre tudo isso e, quem sabe um dia, consigo transferir para o papel essas não-conclusões.

Por enquanto, prefiro postar o vídeo abaixo que, além de ser brilhante, permite um sem número de devaneios e teorias a partir dele. É curtinho. Vale a pena.

Mas antes, um trecho que me deixou algumas horas refletindo.

"Perhaps more important than those facts is that the universe is in us... When I reflect on that fact, I look up many people feel small because they're small and the universe is big, but I feel big... Because my atoms came from those stars..."


Clique aqui se quiser ver o vídeo em português.

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A política da opção

Época de eleição. Festa da democracia brasileira. Um verdadeiro exemplo para o mundo. "Representantes" do povo clamam por votos para, nos próximos quatro anos, colocar em prática projetos sociais revolucionários que irão melhorar a vida de 80% da população nas cidades brasileiras. Por isso, pedi como presente de aniversário de 16 anos o título de eleitor, orgulhoso por fazer parte de uma pequena parcela da juventude que poderia ser considerada politizada. Meus argumentos a favor ou contra os candidatos podiam derrubar diversas opiniões dos amigos e parentes mais próximos.

Nove anos se passaram. De politizado, a autoclassificação passou para enojado. O interesse pela política já não é tanto. A vontade de acompanhar os mandatos e o congresso não passa de superficial. Muitos são os motivos, mas o principal foi perceber o circo que a política sempre foi e que a visão de um adolescente idealista impedia enxergar. Afinal, de fato, o Brasil não é um país sério. Explico.


Não há como entender como uma pessoa que pretende sentar na cadeira como representante legítimo do povo consegue se considerar digno ao se utilizar de jingles publicitários na campanha. Qual é a seriedade nisso? Não é difícil ver muitos candidatos orgulhosos ao ver circular na cidade carros com seus "geniais" jingles, perturbando a tranquilidade dos cidadãos. Qual o mérito, meu senhor, ao copiar uma música de gosto duvidoso e obrigar o eleitorado a ouvir incessantemente a mesma música das oito da manhã às oito da noite? Portanto, me sinto livre para concluir que o candidato que se utiliza desse subterfúgio para tentar se eleger não tem capacidade de, ao menos, divulgar seus projetos, ideias e ideais para aqueles que podem o colocar no poder.


Estamos falando de conduzir o futuro de uma sociedade à modernidade, trazendo melhoras na qualidade de vida e benefícios que proporcionarão um crescimento seguro de nossas crianças, comida na mesa das famílias e condições de ascensão social, com perspectivas de vida melhor. Não é uma tarefa fácil. Muito menos para qualquer um. Contudo, a esmagadora maioria dos candidatos são pessoas que, ao invés de trabalhar no sentido de buscar estes benefícios, enxergam no cargo público um atalho para enriquecer. Afinal, está claro que quatro anos no poder são mais do que suficientes para mudar a vida de uma família. Salários exorbitantes, benefícios infindáveis, caixa 2 para todos os lados... Uma vez eleito, basta nadar junto à correnteza. Já o resto são, em geral, idealistas compondo as câmaras que não têm força para mudar nada no sistema. Afinal, capitão Nascimento lutando e expondo o sistema, por enquanto, só no filme.


Como se já não bastasse o interesse obscuro dos candidatos às cadeiras, ainda temos que aturar o total despreparo de pessoas que se julgam prontas para revolucionar a gestão pública no país. Infelizmente, por aqui, somos obrigados a sofrer na mão daqueles que não têm a menor condição de dirigir uma cidade, um estado ou uma nação. Não há experiência, não há formação, não há bagagem. Desta forma, fomos nos acostumando a depositar a nossa confiança no candidato de mais carisma, já que, em geral, ninguém tem condições ideais de assumir tantas responsabilidades e conduzir mudanças significativas para o bem da população. Neste caso, a ação dos eleitores de nada é válida. Primeiro, pelo ciclo de alternância no poder que dificulta um pleito justo e, segundo, pelo fato daqueles que têm competência (e idoneidade) para fazer a diferença na gestão pública preferem, legitimamente, utilizar seus conhecimentos e competência para dar lucro às empresas.


É neste ponto em que as coisas se complicam. Os partidos, quando não conseguem se manter por longos anos no poder, parecem dançar uma brincadeira de roda na alternância do poder, com acordos mais do que improváveis para não perder o seu filão. Rivais políticos se unem de uma hora para outra como se, ao tocar dos sinos, passassem a compartilhar as mesmas ideias e valores. Minha cidade natal, neste ano, é um exemplo disso. O candidato a prefeito da situação é o rival que fazia parte da chapa de oposição (que incomodou muito) há quatro anos. Interessante como, pelo poder, as coisas se arranjam com enorme facilidade. Interessante? Ah, desculpe, a palavra é triste.


Claro, não podemos também culpar somente os candidatos despreparados e de conduta duvidosa que tentam mudar de vida por meio da vida pública. Afinal, vivemos em país que proporciona este tipo de situação. Uma situação inegavelmente estabelecida, mas que não precisamos considerar como cultural. Por fim, ainda que muito decepcionado com tudo isso, confesso ter esperanças de um futuro melhor


Mas como bom brasileiro, não mexo um dedo para mudar essa realidade.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Eu perdôo mas não esqueço"

Essa frase ficou martelando na minha mente por meses. Ouvi de bicão em uma conversa alheia, enquanto estacionava o carro na garagem. Fiquei pensando sobre o assunto, se concordava com a máxima ou se a desprezava. Afinal, perdoar é esquecer?

Optei pelo desprezo logo de início. Como seria possível perdoar alguém por algo que tenha feito sem esquecer completamente o que desencadeou a necessidade do perdão? Não me parece lógico. Afinal, o perdão tem a ver com confiança. Como confiar novamente, perdoar alguém, tendo na memória a cena que trouxe à tona todas as perguntas sobre a idoneidade e a validade de perdoar?

A dialética grita, acenando que, se você não é capaz de esquecer, não é capaz de perdoar. Seja lá o que for: o não recebido, o maltrato sofrido, a má educação tolerada, a agressão suportada.

Contudo, depois da fase fundamentalista sobre o tema, também cheguei à conclusão que perdoar sem esquecer é possível. Veja o recente caso ocorrido na cidade de Cunha (matéria aqui e vídeo aqui).  Como esquecer um acontecimento dessa proporção? Impossível. Mas, pelo depoimento do Sr. José Benedito de Oliveira, é possível perdoar sem esquecer. Contudo é necessário um tanto de evolução pessoal para conseguir tal feito.

Ainda assim, insisto que, por mais que seja difícil de esquecer determinadas coisas, o perdão completo (se é que isso existe) só se dá quando a lembrança indesejável já não existe mais. Afinal, a natureza humana está pronta para a qualquer momento resgatar o acontecido e utilizar contra quem realizou o ato.

Ou seja, acredito que é dever daquele que diz ter perdoado, mesmo que não tenha esquecido, agir de modo digno, nunca mais tocando no assunto. O perdão é a alforria do culpado e a altivez do ferido.

Por isso considero aqueles que conseguem perdoar verdadeiramente e, se possível, esquecer, seres evoluídos. Quem sabe, um dia, chegamos lá.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Criatividade (in)útil

Conheço milhares (ok, muitas) pessoas criativas. Muitas delas geniais. Já outras, nem tanto. Acontece que venho me perguntando há algum tempo sobre a utilidade da criatividade. Mais que isso, sobre a aplicação destes pequenos milagres de pensamentos.

Trabalho com comunicação e, por conta disso, tenho mais exemplos sobre a inútil criatividade neste campo. Contudo, em conversas com amigos de diversas outras especialidades, foi fácil identificar o mesmo problema. Mais: não falamos somente sobre a inutilidade da criatividade no trabalho, mas na vida.

A questão é: todo mundo é muito criativo quando trata-se de criatividade inútil. O difícil é ser criativo dentro de possibilidades (e, muitas vezes, regras) reais de aplicação. Veja um exemplo caseiro de criatividade inútil, com o único propósito de, talvez, gerar algumas risadas.

Na infância do Inconsequente aqui, desenvolvi em parceria com outro amigo de exemplar criatividade inútil, uma empresa com diversos produtos para ajudar a melhorar a vida das pessoas. A famigerada Joinha's Corporation era uma empresa assaz inovadora. Os principais sucessos de seu portfólio eram (se não me falha a memória):

As milagrosas pílulas para matar a sede! O segredo é administrar uma pílula com dois copos de água a cada hora para acabar de uma vez por todas com os problemas relacionados à sede.

Caso as pílulas não funcionassem, o indicado era adquirir a água em pó. Bastava colocar o pó em um copo e adicionar água. Puft! A mágica acontecia: água cristalina no copo.

Disk-velório: para pessoas sozinhas no mundo, quando morresse alguém querido (inclusos celebridades e ex-BBBs) e não houvesse ninguém para o consolo, a Joinha's Corporation disponibilizava o disk-velório para o transeunte ouvir um minuto de silêncio para se reconfortar. Tocante, não?

Havaianas Sociais. É aquele traje que você sempre pediu a Deus para poder usar no trabalho. O produto vem acompanhado da Bermuda Social e da Regata Social.

A Joinha's Corporation continua sendo a mais inovadora empresa de que tenho notícia. E continua recebendo prêmios e mais prêmios na categoria criatividade inútil. Portanto, deste tema, falo com conhecimento de causa. Até o nome do blog é uma alusão à capacidade criativa e, por vezes inconsequente, deste que escreve.

Muitos estão dentro da esfera da criatividade inútil e sentem-se injustiçadas pelo mundo por suas ideias não saírem do papel. Quantas vezes você teve a melhor iluminação do mundo para ficar milionário antes de dormir e, ao acordar, simplesmente percebeu que aquilo não fazia o menor sentido? Isso, claro, quando lembrava da "genial" ideia. Quantos arroubos e precipitações você não presenciou no trabalho, com aquele colega dando a ideia mais incrível do mundo na opinião dele e da mãe dele para resolver o problema da vez?

Agora, imagine quantas vezes você se deparou com uma ideia incrivelmente simples e pensou: "Meu Deus! Como não pensei nisso antes?". Como algumas das sacadas deste link, por exemplo. Alias, o próprio blog já tratou do encanto da simplicidade em um post não muito antigo.

Por isso fica aqui a admiração e o apoio deste blog às pessoas verdadeiramente criativas. Aquelas que não precisam criticar o sistema, relevar os paradigmas e desmerecer as convenções para bolar algo de útil. Afinal, é mais difícil ser criativo dentro dos padrões pré-estabelecidos e que, por algum motivo estão lá para se fazer valer.

Claro, esta posição não é um apoio às amarras que encontramos em nosso cotidiano, mas um desafio para ser mais, dentro do mesmo.
 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sobre Tintim, devaneios e solidão

Hoje fui ao cinema sozinho. Há muitos anos que não fazia isso. Para ser sincero, desde que fui assistir ao Titanic pela terceira vez. Foi uma sensação estranha entrar em um lugar em que era comum estar sempre acompanhado. Havia pouca gente. Pudera, por mais que seja uma véspera de feriado, o filme começava as quinze para as seis. Resolvi assistir de última hora, depois de uma estafante reunião de trabalho.

Em cima da hora, compro minha entrada, providencio um combo recompensador de pipoca, refri e balas de goma. Tradicional. Escolho cuidadosamente o lugar no cinema, diferente do canto que sento há anos. Mais algumas pessoas entram na sala, mas ainda assim fico com a impressão de estar ali sozinho. Solidão e ansiedade tomam meu corpo.

As luzes diminuem, a mensagem de segurança do cinema é exibida. Fico apreensivo. Tintim, meu companheiro de infância, me aguardava pacientemente atrás dos trailers que teimavam em não acabar, ao contrário do nível da pipoca que, neste momento, já correspondia aos créditos.

Inicia-se, finalmente. É possível perceber, logo nos primeiros segundos do filme, que trata-se de uma obra de arte. Cada fio de cabelo, cada característica dos personagens iam aflorando cristalinamente em minha memória. Com as lembranças, vinham também milhares de sentimentos que estavam guardados e esquecidos dentro de mim. Por mais que conhecesse a história de cabo a rabo, a cada fala, a cada cena e a cada detalhe revelado, uma parte da infância e, principalmente, daquela pessoa que eu tanto gostava de ser e que, contra a minha vontade, foi se modificando aos poucos, vinha à tona.

No desenrolar do filme, me peguei tão à vontade que parecia estar assistindo ao desenho na minha antiga casa, na TV de madeira, depois da memorável sequência da TV cultura na época: Glub-Glub, Rá-Tim-Bum, Anos IncríveisMundo de Beakman, Castelo Rá-Tim-Bum e, finalmente, Tintim.

Duas horas se passaram como minutos. Não é exagero dizer que Tintim está muito acima de outros heróis. Ao contrário de Harry Potter, ele não usa magia. Não precisou de mutações genéticas, como Hulk e Homem Aranha. Não se beneficia da tecnologia, como o Homem de Ferro. Tudo o que ele usa é a inteligência e a coragem.

Acaba o filme e a fica a sensação: Já? Cadê a continuação? Depois do fim dos créditos, já sem ninguém na sala, me conformei e pus-me no caminho de casa.

Como o ônibus estava demorando, me flagrei em um dos meus milhares de devaneios diários. Pensava em como ir ao cinema sozinho foi bom. Em como o sentimento de solidão está somente, e tão somente, dentro de nós. Em nenhum momento durante o programa, me senti sozinho. A liberdade de estar lá só para satisfazer a minha própria vontade me fez perceber que a solidão é uma opção que escolhemos, e não uma condição que nos é imposta.

Jamais estamos sozinhos. Carregamos sempre a melhor e mais sincera companhia que podemos ter: nós mesmos. O papo de que "é impossível ser feliz sozinho", como já dizia o poeta, é verdade até a página dois. Diria que, no caminho para ser feliz, está a felicidade em saber apreciar a própria companhia. Neste caso, a solidão é uma questão de perspectiva.

Só então, a partir da autovalorização é que os portões da felicidade se abrem. Claro, pois não reside em um terceiro a decisão, o peso e a responsabilidade de conceder a felicidade. Essa tarefa já foi cumprida, um passo antes, por quem de fato e de direito responde por ela: nós mesmos.

Pense, ainda sobre o exemplo do filme. Tintim é, basicamente, sozinho. Ninguém, além de seu cachorro Milu, faz parte do seu convívio diário. Sim, ele conta com amigos como Capitão Haddock e os atrapalhados Dupont e Dupont. Mas não depende deles para seguir em frente.

Por fim, chego à conclusão que assistir ao filme sozinho não foi bom somente para me abrir os olhos para algo que até então julgava ser o retrato da solidão. Assistir Tintim sozinho foi, sem sombra de dúvidas, o melhor e mais profundo mergulho que dei dentro de mim.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Chocante simplicidade

É curioso observar que quanto mais o tempo passa, mais complexas as coisas e suas composições ficam.  A tecnologia e os sentimentos, representando o antagonismo, dão a impressão de que não há limites para a ciência do "complicômetro".

Atualmente nada mais choca. Aliás, na arte, por exemplo, o último que fez isso foi Marcel Duchamp e o seu famoso mictório. A partir de lá, estamos em uma busca incessante por choques e mais choques de diferentes naturezas e culturas, que foram se sucedendo de modo a criar um efeito em cadeia, fazendo com que hoje não nos choquemos mais.

Os artistas, sinto dizer, pouco ou nada chocam. Claro, estamos falando daqueles cujo propósito é chocar. A nudez já não é um escândalo. Pinturas, tampouco. Músicas delatoras, já não fazem mais sucesso. Nem mesmo aquelas cujo mote principal é sexo e palavrão.

Voltando ao assunto, hoje o calo das pessoas com está muito grande. O choque com atitudes, discursos, e as artes em geral, já entrou em uma preocupante e irreparável banalização. Isso impede que assuntos verdadeiramente importantes (e chocantes) como a política e seus desdobramentos, por exemplo, sejam ignorados. Os choques que sofremos foram tantos e tão frenéticos que nos tornou passivos, conformados com situações que deveriam ser inaceitáveis.

Sabendo que tudo não é nada mais do que um ciclo, atualmente o que choca são as coisas verdadeiramente simples. Vemos casamentos rebuscados, festas estonteantes, comidas cheias de frufrus, computadores com games incríveis. Mas o que lembramos é daquele namorico de portão, da reunião não planejada com os amigos, do arroz com feijão da mãe e a emoção do esconde-esconde. Tudo, além de não depender da tecnologia, era de graça.

Por isso, faço mea-culpa aqui e retifico o dito acima: não é a simplicidade que choca.

A simplicidade encanta.

No fim, fica o apelo: vamos parar de tentar chocar. O choque já nos foi muito útil em outros tempos. Em meio a um turbilhão de emoções, informações e inovações, o que faz a diferença é a simplicidade genuína e sincera, que não precisa de rococós para acontecer e encantar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Trabalhando a velocidade interna

De tempos em tempos, algumas coisas chamam a atenção em momentos absolutamente inusitados. O último insight foi durante uma palestra, em uma convenção da empresa. Uma frase do renomado palestrante ecoou nos ouvidos e fez o mais absoluto sentido. Ele disse que, segundo a psicologia, temos que manter a nossa velocidade interna baixa.

Não sou psicólogo e tampouco pretendo aqui explicar o que este termo significa em sua literalidade. Vou me limitar a dizer que o termo tem um sentido incrivelmente verdadeiro quando pensamos em todas as esferas da vida.

Todas as decisões - profissionais e pessoais - que tomei quando estava com a tal velocidade interna baixa foram acertadas. Os meus maiores sucessos se relacionam com esse "estado de espírito". Se você pensar um pouco a respeito, é provável que chegue à mesma conclusão.

Sou assumidamente apressado e extrovertido, e apontado como hiperativo. Muitas vezes as minhas palavras não conseguem acompanhar o meu pensamento, e por isso, às vezes chego a gaguejar. Por isso tive facilidade de enxergar o benefício de ter a velocidade interna reduzida para tomar decisões.

A calma, o raciocínio lógico, a frieza e o bom senso trabalham em perfeita harmonia quando estamos na condição de velocidade interna baixa. Isso favorece decisões corretas, diminuindo drasticamente as chances de arrependimento.

No fim das contas, o aprendizado é constante e a velocidade interna varia de acordo com os nossos sentimentos e as urgências do dia a dia. Contudo, a partir de agora, a consciência sobre a velocidade interna já existe e, portanto, utilizar esse subterfúgio ao nosso favor pode fazer diferença.

Trabalhar esse controle de velocidade não tem sido, nem de longe, fácil. E não há fórmula para tal. Ao mesmo tempo, não deve ser mentalmente saudável permanecer sempre em velocidade interna baixa. Neste caso o equilíbrio também deve se fazer presente, mas o descontrole não.

A ideia não é construir um robô envolto em racionalidade e frieza, mas diminuir as chances de precipitação que tanto atrapalha os nossos pequenos passos. Afinal, o imponderável pode ser delicioso, desde que estejamos prontos para lidar com ele.