segunda-feira, 13 de julho de 2015

De House of Cards a Game of Thrones, um olhar dentro de nós: uma batalha entre o bem e o mal.

Todos nós enfrentamos uma batalha da qual nem mesmo pai e mãe conhecem. Uma batalha diária entre a fina linha que nos faz ser bons our ruins. A moral e, obviamente, o bom senso, nos diz que o certo é sermos bons a todo e qualquer momento. É como se tivéssemos etiquetas de inspeção de qualidade. O conceito que carregamos de bem e mal parte do mesmo pressuposto da água e do óleo: não se misturam.

Percebo uma identificação muito grande do público com séries como House of Cards e Game of Thrones. Cético de início, ignorei várias recomendações para assistir a uma delas. Hoje, sou mais um dos viciados. Sempre que uma temporada se acaba, eu me pego pensando: porquê somos tão atraídos por estes roteiros, essas produções?

Acho que a resposta é mais óbvia do que gostaria: realidade. A forma com que os personagens são construídos e apresentados nos levam a uma identificação instantânea com um texto em que os bons não são de todo bons e os maus não são de todo ruins. Diferente do que pintam as novelas que preenchem uma programação com data de validade vencida na TV, as séries nos apresentam um cenário que encontramos todos os dias e insistimos em negar: todos nós somos bons e maus.

Do ponto de vista filosófico, só existe o bem porque o mal também existe. Sabe o que é mais contraditório? Talvez eles não sejam opostos. Talvez eles façam parte da mistura fundamental que nos forma. E (mais um) talvez isso explique nossa empatia seletiva em diversos casos, que fazem nos revoltar com questões como a da Majú Coutinho e fechar os olhos para problemas que batem à nossa porta todos os dias.

É claro que não estou dizendo que devemos ser ruin uns com os outros. Mas, utilizando a metáfora do brilhante comediante Louie CK (of course, but maybe), talvez seja mais fácil aceitar que não há apenas yin e apenas yang e, a partir daí, evoluir conscientemente. Negar a existência de nossas fraquezas é, determinantemente, enfraquecer.

Para finalizar, cito Sirius Black, personagem de Harry Potter no livro Harry Potter e a Ordem da Fênix"Todos temos tanto luz e escuridão dentro de nós. O que importa é o lado que nós escolhemos agir. Isso é o que realmente somos."

Faz sentido. :)
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sexta-feira, 3 de julho de 2015

As 10 coisas que eu aprendi (e ainda aprendo) com a minha Vó.

Ser admirável não é uma tarefa fácil. Se fizermos um exercício, poucas pessoas de nosso círculo nos vêm à mente e preenchem todos os requisitos - que provavelmente são diferentes para cada pessoa.

Quando eu penso em alguém admirável, eu penso na Vó Landica.
Vó mesmo, de "ô Vóóó..."

A Vó Landica tem 90 anos e uma sabedoria infinita. Não é aquela sabedoria professoral, com conselhos prontos e frases iniciadas por "no meu tempo".
É uma sabedoria simples, limpa e até mesmo inocente.

A jornada entre minha casa e o trabalho (êê São Paulo) dura em média uma hora e meia, todos os dias.
E, durante este tempo, cheguei a esta lista:

As 10 coisas que aprendi (e ainda aprendo) com a minha Vó:


1. Não corte o barato dos outros



Em um dado momento, meu Vô queria sair de São Paulo e ir morar em um sítio. Minha Vó não tinha a menor vontade, mas nem por isso deixou de acompanhá-lo nas visitas ao interior até que ele, eventualmente, desistisse da ideia.


2. Exercite a sua mente



Já perdi a conta de quantos livrinhos de palavras cruzadas ela já completou. Exercitar a mente nos mantém mais interessantes - que não é lá novidade, mas é pouco praticado.
Ela sempre tem uma curiosidade para contar, fruto das suas peregrinações pelas páginas das cruzadinhas.


3. Não guarde tudo pra você



"Então peida!" - É o que eu escuto quando alguma ligação de telemarketing cai lá em casa. Pode parecer uma fórmula pronta, mas realmente não faz bem guardar tudo.
É bom escoar a água de vez em quando para não transbordar tudo de uma vez.


4. Seja um pouco reservado...



Ela é desconfiada. Não sai de "tere-tê-tê" facil com qualquer pessoa.


5. ... mas seja aberto com as pessoas próximas


Os braços, ouvidos e ombros da Vó Landica estão sempre disponíveis para os que são próximos.


6. Ligue para quem você ama



Ligue. Ligue mesmo. Não é ligar de prestar atenção. É pegar o telefone e discar.
- Tudo bem aí, vó? Aconteceu alguma coisa?
- Oi. Não, não aconteceu nada não. Só estou ligando pra ver se está tudo bem.



7. Entenda os outros, mas não tente mudá-los


A Amélia era uma amiga da minha avó. Talvez ela mereça um post só sobre ela. A Amélia falava pelos cotovelos. Muito. Muito mesmo. MESMO. Acredite.
A minha Vó ficava, muitas vezes, contrariada, para ser delicado.
Principalmente ao telefone, quando a Amélia ligava e falava por ininterruptos 45 minutos.
- Mas vó, por que você não fala pra ela parar?
- Porque ela é minha amiga. E é assim que ela é.


8. Dê gorjeta



Na época em que os Bingos eram legais no Brasil, minha vó vivia contando vantagem. Não por ganhar no bingo, mas por receber ótimo tratamento.
"Sempre que eu chego lá, eles sempre me dão um leite com chocolate como cortesia. Sabe por quê? Porque eu dou uma gorjetinha sempre que posso".
Bingo!


9. É OK ter as suas manias



As almofadas devem ficar no lugar certo. O horário de tomar a sopa são seis da tarde. Um copo de vinho sempre antes do almoço. A luz do banheiro deve ficar acesa durante a noite. E não há nada de errado nisso.


10. Ser gentil é de graça



A gentileza está nas sutilezas. "ô Beto, guardei um biscoitinho pra você aqui, tá?".
Um sorriso para todo bom dia. Ouvir antes de emitir uma opinião pasteurizada. Aconselhar de coração. Saber silenciar quando necessário. Estar dispónível. Saber dividir.


Agora me diz: a Vó Landica é ou não é incrível? ♥
Fica a proposta para a reflexão: o que você tem aprendido com os mais velhos?
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