Percebo uma identificação muito grande do público com séries como House of Cards e Game of Thrones. Cético de início, ignorei várias recomendações para assistir a uma delas. Hoje, sou mais um dos viciados. Sempre que uma temporada se acaba, eu me pego pensando: porquê somos tão atraídos por estes roteiros, essas produções?
Acho que a resposta é mais óbvia do que gostaria: realidade. A forma com que os personagens são construídos e apresentados nos levam a uma identificação instantânea com um texto em que os bons não são de todo bons e os maus não são de todo ruins. Diferente do que pintam as novelas que preenchem uma programação com data de validade vencida na TV, as séries nos apresentam um cenário que encontramos todos os dias e insistimos em negar: todos nós somos bons e maus.
Do ponto de vista filosófico, só existe o bem porque o mal também existe. Sabe o que é mais contraditório? Talvez eles não sejam opostos. Talvez eles façam parte da mistura fundamental que nos forma. E (mais um) talvez isso explique nossa empatia seletiva em diversos casos, que fazem nos revoltar com questões como a da Majú Coutinho e fechar os olhos para problemas que batem à nossa porta todos os dias.
É claro que não estou dizendo que devemos ser ruin uns com os outros. Mas, utilizando a metáfora do brilhante comediante Louie CK (of course, but maybe), talvez seja mais fácil aceitar que não há apenas yin e apenas yang e, a partir daí, evoluir conscientemente. Negar a existência de nossas fraquezas é, determinantemente, enfraquecer.
Para finalizar, cito Sirius Black, personagem de Harry Potter no livro Harry Potter e a Ordem da Fênix: "Todos temos tanto luz e escuridão dentro de nós. O que importa é o lado que nós escolhemos agir. Isso é o que realmente somos."
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